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Palestra no Abril Azul destaca inclusão, desafios e direitos das pessoas com TEA

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Na noite da sexta-feira, 5, a Câmara de Vereadores de Iraí foi palco de um encontro marcado por emoção, informação e empatia. Com o tema “Pessoas com TEA: desafios, direitos e a inclusão social”, a palestra integrou a programação do Abril Azul — Mês Dedicado À Conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). O evento foi promovido pela AMA TEAcolher Iraí e reuniu autoridades, familiares e membros da comunidade interessados em construir uma sociedade mais inclusiva.

A abertura ficou a cargo de Michele Larentes, presidente do TEAcolher Iraí, que emocionou o público ao compartilhar uma experiência pessoal. Em seu relato, ela destacou a importância da empatia e do conhecimento, comparando uma crise de ansiedade que vivenciou com as crises sensoriais comuns em pessoas autistas. “Se para mim, que sou neurotípica, uma crise foi assustadora, imaginem para quem vive isso com intensidade diariamente. Precisamos de mais empatia e conhecimento”, afirmou.

As palestrantes da noite foram a psicóloga Gabrieli Wagner e a psicopedagoga Jussania Basso Bordin, ambas integrantes do Programa TEAcolhe, com sede em Frederico Westphalen. Elas apresentaram de forma didática o funcionamento do programa estadual, que atua de maneira intersetorial nas áreas da saúde, educação e assistência social, além de trazerem à tona os principais desafios enfrentados pelas redes de apoio às pessoas com TEA.

Longe de uma abordagem puramente teórica, Gabrieli e Jussania optaram por uma conversa acessível e sensível, com foco em experiências práticas e vivências do dia a dia. Elas destacaram a importância de olhar para o autismo como um espectro, lembrando que não há fórmulas prontas: cada pessoa é única e merece ser compreendida em sua singularidade.

As profissionais também explicaram a estrutura do TEAcolhe, que inclui os Centros Regionais de Referência (CRRs), como o CRR15, responsável por 26 municípios e sediado em Frederico Westphalen. Michele Larentes e a servidora Janaína Ardenghy atuam como pontos focais em Iraí, articulando as demandas locais junto ao programa. O CAS (Centro de Atendimento em Saúde) de Frederico, por sua vez, conta com equipe multidisciplinar de 12 profissionais e já presta atendimento a mais de 100 usuários, com perspectiva de expansão.

Outro ponto discutido foi o aumento no número de diagnósticos de TEA nos últimos anos. Segundo as palestrantes, esse crescimento se deve à maior capacitação dos profissionais e ao avanço nos critérios diagnósticos e não necessariamente a um aumento de casos em si. Gabrieli lembrou que, no passado, apenas os casos mais evidentes eram identificados. “Hoje, o olhar clínico está mais sensível às particularidades do espectro”, comentou.

O diagnóstico de TEA, como reforçado pelas especialistas, é essencialmente clínico. Exames laboratoriais ou de imagem não determinam o transtorno; o olhar atento ao comportamento, ao desenvolvimento e ao contexto social da pessoa é o que guia o processo. “O TEA é uma deficiência oculta. Não tem um marcador físico. É no comportamento que conseguimos identificar”, explicou Jussania.

Um dado compartilhado durante a palestra trouxe a realidade ainda mais próxima do público: um estudo recente realizado em Coxilha, no norte do Estado, revelou um caso de TEA para cada 30 crianças, um número próximo à média americana. “É quase impossível não nos depararmos com uma pessoa autista no cotidiano, seja no mercado, na escola ou no parque”, comentaram as palestrantes.

Ao longo da noite, as profissionais reforçaram a ideia de que a inclusão não é uma gentileza ou um favor, mas sim um direito coletivo. Rampas de acesso, adaptações sensoriais, filas preferenciais e ambientes acolhedores beneficiam toda a sociedade, idosos, gestantes, pessoas com mobilidade reduzida e, claro, pessoas com deficiência. “Hoje eu não preciso de uma rampa. Mas e amanhã?”, provocou Gabrieli.

Entre os momentos mais marcantes, uma das palestrantes compartilhou a história de um simples cartaz em uma loja de shopping que reconhecia, com delicadeza, o uso do cordão do quebra-cabeça (símbolo do autismo) e do girassol (símbolo de deficiências ocultas). O gesto, ainda que pequeno, a tocou profundamente. “Não comprei pela marca. Comprei por um cartaz, por um olhar gentil. Inclusão é isso: um detalhe que mostra que alguém pensou na diferença”, disse, emocionada.

O evento também abordou a importância da emissão da CipTEA e da identificação com os cordões de uso preferencial, além de reforçar que a inclusão se constrói nos detalhes do dia a dia no mercado, no posto de saúde, na escola, em todos os espaços.

Uma das mães presentes encerrou a noite com um agradecimento comovente, expressando o sentimento de muitas famílias que lutam diariamente por acolhimento e respeito. Suas palavras ecoaram o verdadeiro propósito do encontro: construir, juntos, uma sociedade mais justa, acessível e sensível às diferenças.

Em Iraí, o Abril Azul segue com novas ações ao longo do mês, fortalecendo a rede de apoio às pessoas com TEA e semeando, com cada atividade, os valores da empatia, da escuta e da inclusão.

Confira mais fotos da palestra clicando aqui.

 

Autor: Fernando Sucolotti

Fonte: Ascom/Câmara

Data: 05/04/2025


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